segunda-feira, 30 de setembro de 2013

C'mon, read it


Esperança💫
E então, depois de anos na escuridão
Ela finalmente acordou. Rolou em meio a lençóis cor-de-mel, e logo se levantou
Montou num pônei
E saiu por aí. A conversar com as flores, a atravessar arco-íris
A admirar o mar, mar azul cor-do-céu que a aguardara durante tanto tempo. E então, ela entra num pequeno barquinho, pega um remo, e coloca-se a navegar. Admira as nuvens, abraça o sol e recebe a chuva. Mexe os braços de forma que nunca havia feito antes. 
Ela se sentia estranhamente feliz. Foram tempos parados,
Maré baixa, sol fraco e chuva fina. Mas tudo que vai, volta
Seu barco encalha. Ela então mergulha n'água, acaricia golfinhos e admira tubarões. Toca na areia, deita e rola no chão, do mesmo jeito que rolara na cama, e sente o calor se expandindo pelo seu curto corpo, e de repente ela se vê correndo. Corre, corre, mas nunca se cansa. Vê um infinito branco a sua frente, um infinito com bons ares. Então, ela fecha os olhos e dança tango,
Saindo de fotografias e vídeos
Notas e mais notas
E então ela pula. Pula, e se sente voando
Avista um mundo
Um mundo que tem de tudo para dar, e ela se contenta com o muito que pode vir
E fecha os olhos de cores diferentes, um azul e outro violeta, e sente a brisa aconchegante que vem de algum lugar indeterminado
E então, ela mergulha em meio às moléculas de vento
E pousa numa casa de bonecas. Bonecas na árvore florida, árvore bonita
E ela se senta por um tempo, e observa o vai e vem de uma teleférico, e se pendura nele, sem medo de cair. 
Sem medo de perder. Mas ela cai
Caiu sorrindo
Sem noção do perigo
Pousa na grama fofinha de um jardim cheio de rosas, e borboletas, e pássaros
E com esses pássaros ela voa
Se solta, abre os braços
E se depara com infinitos. Esbranquiçados. Ouve o som do fogo
Ouve o balão de gás hélio retornando ao chão
E ela sobe nele, sobe, sobe, sobe, sobe
Flutua 
E chega nas nuvens. E então, de nuvem em nuvem ela pula, 
Mas pisa num buraco
Chega no fundo do poço. Poço cheio d'água
Água com açúcar, bóia não afunda
O poço transborda
E a tal garota volta
Volta ao mundo em poucos segundos
Chega no topo do prédio, admira a vista, se sente perseguida
Olha para trás, repara numa ponte
Ponte de sete cores, ponte escorregadia
Se equilibra, menina!
Mas ela não faz











E desaba. Escorrega numa mesa cheia de doces, 
Derruba prato, cai toalha, carne e salada
E então ela pára, deitada no chão. Olha o teto, observa as estrelas
Fecha os olhos, e acorda mais tarde
Com brilhos de cinco pontas espalhados pelo chão de queijo. Se enfia num buraquinho
Entra numa bolha de sabão, e se abraça instintivamente, sente o calor do corpo
Ouve pandeiro
Guitarra e violão
Dança, pula, saltita e esperneia
Fica na ponta dos pés, mexe braço, mexe cabeça
Cabelo voa
Fio se espalha, olhinhos se fecham
Sensação de queda domina
Medo de cair se fecha
E o impacto se aperta. Cara de choro, mas um sorriso por tudo que se passou. Arruma a gravata borboleta, o chapéu de flor e o cabelo castanho-claro ondulado. Camisa de seda, manga dobrada, bermuda xadrez. Então ela gira os braços, roda, gira, gira, dá piruetas, se sente num carrossel. E então, sem querer, pisa numa estrelinha. 
Se sente animada. Pega uma vassoura
Dança tango
Junta tudo num monte
A vassoura cai. Ela levanta o olhar,
E vê um garotinho da boina xadrez. O observa, curiosidade nos olhinhos acesos, e ele sorri. Estende o braço
Sua mão pequena segura a dela
E eles se encantam. Ele a puxa, ela sobe nos pés dele (era mais baixa) e se beijam.
Dançam, se abraçam, sentam e admiram as constelações, e ela fecha os olhos, dentro dos braços dele, e os abre novamente. 
Se levantam. Ele tira algo do bolso e fecha as mãos em forma de concha, colocando uma borboleta nas mãos dela. Ela sorri, ele dá adeus. Olha para o céu, infinito iluminado que provavelmente nunca mais será visto.
E sorri de novo
Um sorriso triste, mas feliz por tudo que se passou. Desce escadas, volta para o barquinho. 
Afunda. Se sente enrolada, enrolada nos lençóis cor-de-mel, com o quarto semi-iluminado.
O despertador toca.
Ela acorda, se arruma, café com leite, cubinhos de açúcar e ovos fritos dentro do pão
E então ela vê uma estrela com um bilhete.
Um bilhete de adeus. Ou de um "até logo".
Ela sorri, aspira o bom ar de um dia único
E parte para o trabalho.
































Esperança de que dias melhores virão.


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